segunda-feira, abril 13

O LENÇOL DA INFÂMIA

No Benfica, em tempos conturbados não muito longínquos, numa fase crítica, de enorme confusão e agitação em que o poder quase caiu na rua, recordo-me de ter assistido em directo na TV e para gáudio da turba que queria a destruição do Glorioso e a desgraça dos Benfiquistas, a uma reunião surreal em que aparecia um conjunto de energúmenos que depois de uma enorme confusão numa sala do mítico Estádio da Luz antigo, culminou a selvagem actuação com a “deposição” de um garrafão de vinho empalhado, partido na sua base, sob uma mesa decorada com um pano vermelho. A cor intocável do Glorioso!
Foi das maiores humilhações que passei como Benfiquista.
Fiquei petrificado e horrorizado perante o que via no ecrã televisivo.
O Manto Sagrado tinha sido maculado. Tinha sido conspurcado!
Os títeres, os dementes, os energúmenos, tinham invadido, pisado e enxovalhado um lugar sagrado.
Uma pandilha de selvagens a soldo do anti-Benfica, acicatados por agitadores profissionais, através de golpes baixos, traiçoeiros e de irracionalidade absoluta, tinha colocado o Meu Benfica, o Nosso Benfica a sangrar e à beira dum abismo irreversível!
Foi uma visão quase “apocalíptica” que muitos de Nós presenciámos e angustiosamente sentimos. Um dos pontos mais negros da Nossa Gloriosa História.
Em mais de 50 anos de Benfiquismo indefectível e militante, nunca tinha assistido a um acto tão insano, tão humilhante.
Senti-me mal e revoltado ao ver o Benfica pelas ruas da amargura.
A minha paixão pelo Benfica redobrou e foi com uma grande esperança, alegria e confiança que vi o Benfica renascer.
Hoje, sempre que surgem no horizonte tempos de agitação e de completa histeria, contra algo a que a turba, na sua cega ignorância e completo desvario se resolve arremeter, como a minha memória nunca foi curta, fico muitíssimo apreensivo.
Vem isto a propósito do degradante espectáculo dado em directo por alguns espectadores presentes, no sábado, no Estádio da Luz, e muito particularmente por dois deles, que desdobraram um lençol branco, numa altura em que a Nossa Equipa, os Nossos Jogadores e a Maioria Esmagadora dos Benfiquistas Autênticos puxavam, ansiavam e lutavam denodadamente por um resultado que teimosamente e por má sorte acabou por Nos ser adverso.
Quem conscientemente, fizer, até uma simples análise à infortunada peleja, sabe que não foi por Nós que a derrota sobreveio. Muitos factores se conjugaram para que no final expressássemos alguma tristeza e mesmo frustração.
Nenhum Benfiquista que se preze e que respeite o Benfica, poderá pactuar com aquele acto infeliz e de total afronta ao Nosso Glorioso Clube.
É no mínimo incompreensível, que supostos adeptos do Glorioso, teimem em cometer actos completamente agarotados e vergonhosos que os “media” aproveitam para propagar venenosamente pelo país e pelo mundo, saciando a escumalha e a corja famintas, sedentas de vingança, fomentando a descrença e a contestação entre os Benfiquistas.
Como sócio e adepto do Benfica, tenho o lugar e o momento próprios para me manifestar sobre a política do Clube e sobre matérias tão sensíveis como o seu futebol.
Nem sou defensor nem acusador do treinador. O Clube, através dos seus responsáveis, pedir-lhe-á contas na devida altura, não sem que vos diga que quando ele chegou à Luz, nunca vi nem ouvi a Quique Flores falar em títulos.
Nessa altura não vi ninguém com nenhum lençol ou lenços brancos. Não vi ninguém perguntar-lhe quantos títulos teria como objectivo. Nem a ele, nem ao Director do futebol, nem ao Presidente.
A reconstrução do Benfica como grande potência do futebol nacional e mesmo europeu não se faz num dia, nem num ano, nem em dois.
Vivi momentos de glória suprema no Benfica, com a vitória nas grandes finais contra o Real Madrid e Barcelona. Já lá vão muitos anos. Sei que para atingir esses êxitos foram necessários, muita luta, muito trabalho e serenidade durante os anos que antecederam essas vitórias.
Hoje, para aquelas gerações de Benfiquistas que não tiveram essa felicidade de exultar e vibrar com esses feitos inesquecíveis do Nosso Benfica, lhes digo que só com muito trabalho e muita união poderemos alcançar novamente essas metas. Sei bem que este é o desejo de Todos.
Os tempos são outros e também eu quero reviver Tudo o que conduziu o Benfica ao areópago dos deuses do futebol.
Força, convicção, firmeza e muita, muita paixão para construir em primeiro lugar uma fortaleza inexpugnável que se torne impenetrável e inacessível às investidas corruptas e assassinas dos nossos inimigos – a escumalha submissa e a corja corrupta.
Tudo começa no Estádio da Luz. O apoio incondicional e as vitórias, as vitórias e o apoio incondicional. Esse é um dos segredos!
O nosso inimigo está lá fora. Não é a Nossa Equipa de futebol, por muito que ela, em momentos maus ou de infelicidade pura, possa desagradar a seus fervorosos adeptos!

GRÃO VASCO