quarta-feira, dezembro 16

Ser de "Olhão" e jogar no "Boavista"...

Em garoto, quando um de nós se afoitava num raciocínio ou procedimento bem medido que travasse a sabedoria experimental e suprema dos adultos, dando-lhes aquilo a que chamávamos “um nó cego”, contestando-os ou surpreendendo-os com subtileza e arte, ouvia com frequência, da parte deles, a frase – [huummm, és de “Olhão” e jogas no “Boavista”].
Hoje ser do “Olhão” já não obriga a jogar pelo Boavista – também ele nas ruas da amargura - mas, infelizmente, “obriga” a optar pelo código do “jogador” batoteiro da “famiglia” corrupta, com outros contornos que não são a genuinidade e a pureza da infância ou mesmo da adolescência.
Olhão é uma terra como muitas neste país. Mas no que concerne ao futebol, já todos ficámos a saber qual o transtorno que causou uma tremenda indignação à maioria dos apaniguados do seu principal clube. Estão desiludidos e apreensivos com o futuro e com a imagem subserviente e conivente do clube. E isto porque há um fenómeno para o qual eles acordaram tarde. E só um novo banho “purificador”, uma nova travessia do deserto, fará restaurar a independência da agremiação, agora tomada pela teia que assola o país e que tem enredado até à exaustão esses clubes que se tornaram satélites e marionetas da corja de “Palermo”.

Há uma estratégia clara dessa corja em todo o lado. Os indígenas, os destacados ou radicados em muitos locais e pertencentes a essa reles casta, sabem bem o que têm de fazer. Sabem bem a missão que lhes foi destinada. A cartilha que leram, ensinou-lhes tudo. Sabem-na de cor e salteado. É como um manual de táctica subversiva ou como o livro “verde” dos homens-bomba, ou ainda como um livro “sagrado” contendo os respectivos mandamentos do “profeta” Giorgio di Bufa para serem postos em prática. O inimigo, o Grande Satã é o Benfica. Numa maioria esmagadora dos casos comportam-se como de uma “Jihad” se tratasse. Basta vermos os comportamentos da colecção de “paineleiros”, “opinadores”, “relatadeiros”, “cumentadeiros”, deputados, políticos, advogados, juízes, gestores, presidentes de conselhos directivos, “empresários” com e sem aspas, e, depois, as suas ligações ao submundo da marginalidade editada e detalhadamente explicada em livros de símios, mestres de cerimónia ou assessores e de escritoras calorentas, antes amásias da noite, “ajuntadores de letras”, escrevinhadores rastejantes e por aí adiante.
Minam tudo de todas as maneiras e feitios. Alguns assumem-se como mecenas e beneméritos, outros, regionalistas da treta, não do tetra, pagos a peso de ouro, mas sempre tendo um único fito – trabalhar em prol do grémio da Fruta Corrupção & Putêdo, prejudicando e molestando o Benfica. Neste cenário, nem os submissos da capital já contam para o “produto final”.
Por vezes, nem se assumem como adeptos do grémio corrupto de “Palermo”. Disfarçam-se de bons samaritanos, para depois, fraudulentamente, se revelarem como as maiores pestes existentes à face da Terra. Se a torre das antas falasse…
Esta praga existe em todas as classes socioprofissionais, e entre elas há uma ligação secreta, tácita, promíscua, que lhes permite actuar em todo o lado. E impunemente. Depois é simples. A turba cega e ignara vai atrás deles, hipnotizada, como ninhadas e ninhadas de ratos e de super-ratos marginais e criminosos, dançando e cantando inebriados, drogados e bêbados ao som duma flauta mágica – “SLB fdp’s, SLB”. É esta a triste miséria do gueto de “Palermo” com o beneplácito da corja que o comanda.
Mas se alguma coisa falha, lá estará sempre alguém para branquear todas as situações. O melhor exemplo disto, são as decisões e sentenças judiciais, em que por vezes se atingem tais despautérios que parece vivermos num país africano do terceiro mundo, repleto de “bokassas”, “kumbas” e “dádás”, onde a corrupção e os atropelos à Lei proliferam impunemente.

Em trabalho, há dois anos atrás, estive uma temporada no Algarve e a sensação com que fiquei em certos locais e estabelecimentos com o símbolo bem visível da corja corrupta, é que ela própria, ali, se constitui como uma casta à parte, toda ela interligada, parecendo um "famiglia" pequena, mas com os rituais, os diálogos, os comportamentos e os procedimentos genuínos já velhos e conhecidos. Uma comunidade fechada, que aparentemente faz as suas aberturas quando lhe convém, bem estruturada, de elementos com boa folga financeira e com ligações perigosas a todos os poderes, encobrindo-se e defendendo-se uns aos outros. Muitos emigraram há muitos anos da “Palermo” sombria e provinciana para as solarengas e quentes praias do Sul, chulando as terras do que dizem ser ainda, em tom de gozo saloio, a mouraria ou Marrocos. Outros, mais recentes, aproveitam para lamber e devorar todas as oportunidades que aí surgem e que o poder económico situado a Norte lhes oferece, numa miscelânea de promiscuidade corrupção e poder.

A anulação da validade das escutas telefónicas é o melhor exemplo. Ali fala-se de tudo, mas para efeitos de prova em tribunal não contam. Utilizam-se todas as artimanhas e truques jurídicos para salvar a pele aos prevaricadores e criminosos. Nunca no futebol, nem em nenhum grémio houve esta monstruosa teia de tamanha dimensão. Mas o mais flagrante do que descrevo é o labirinto incomensurável do Apito Dourado. Tudo sob suspeita e ninguém atrás das grades - umas condenações pífias para disfarçar e pronto, o detergente actuou. “Dourado mais branco não há”!
E depois, escandalosamente, muitos dos implicados continuam, cantando e rindo, a desenvolver a actividade onde se atolaram com a conivência da justiça. Toda a estrutura está tão envenenada, tão sabotada, que só um ciclone de grande dimensão poderá limpar toda esta porcaria. De outra maneira tudo continuará como está.
A luta dos Benfiquistas tem de ser em toda a linha. Dentro das possibilidades de cada um, com as armas de que cada um dispõe, secar e destruir essa teia com sabedoria e inteligência, não cometendo infracções e não atentando contra a Lei.
E acima de tudo, não prejudicando o Benfica seja em que situação for.


GRÃO VASCO